quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um Casamento Fora De Época : Parte 5

*Final*
  Cai no sono e acordei com o barulho do computador. Nem sabia que horas eram, mas tinha certeza que a pessoa tinha demorado pra responder.

  - É bom que valha a pena o trabalho... Caso o contrário, não pretendo ser gentil...

  - "Cemitério de Champs, avenida..." Hã, o ponto de encontro é num cemitério? O que raios essa pessoa tem na cabeça? E são 8 da manhã! Eu mal sei onde fica esse lugar! Ah, tá aqui. "Venha a pé, sozinho...". Ótimo, então deve ser perto.

  Sai me perguntando quer seria o tipo de pessoa que eu estava prestes à encontrar. Outra coisa que pensava era o que eu pediria pra ela fazer, assim que a encontrasse.

  Fui caminhando, como o recado pedia. Estava crente que o lugar seria num cemitério do lado de alguma igreja, mas me enganei amargamente...

  O lugar ficava no meio do nada, longe pra caramba. Levei praticamente meia hora até chegar lá. Confesso que fiquei impressionado com o cemitério.

  - Nossa, depois disso eu mereço um descanso. Não estava com as roupas apropriadas pra caminhar tanto... Hum, tem uma escada aqui. Deve ser lá onde a pessoa está...

  Desci e encontrei uma sala vazia, abafada, úmida, pequena e cheia, mas cheia mesmo de pedras. Por um momento, acreditei que era algum tipo de pegadinha ou algo parecido, então resolvi chamar a pessoa e acabar com esse suspense idiota.

  - Hã... Alguém! Hey, apareça! Eu não caminhei tudo isso pra ficar no vácuo!

  - Calma, - disse uma voz atrás de mim. - não precisa gritar. E você está atrasado...
 - Nem marcamos horário algum, só me pedia pra vir até aqui.
 - Você é mais grosso do que imaginei.

  Virei e me deparei com uma figura pequena e adolescente. Tá bom, onde estão as câmeras? Isso tem que ser uma pegadinha.
 - E você é um pirralho.
 - Ei, olha lá como fala com o cara que você vai contratar!

  - Então, qual o serviço?
 - Você honestamente acha que eu sou otário o bastante pra acreditar que você é o real dono da conta do banco?

  - Ué, mas eu sou...
 - Olha moleque. - disse, interrompendo-o. - Brincar com a minha cara é a última coisa que alguém em sã consciência faria. Então que tal me contar exatamente que você é?

  - Sou o cara que você vai contratar...
 - Presta. Atenção. - com o dedo indicador, ergui sua cabeça para que me olhasse. - Antes que eu te esmurre, saia correndo ou me conte o que você tá fazendo aqui. Escolha um.

  - Escolho isso. - e tirou uma arma do bolso esquerdo. - Agora você vai me ouvir, certo?
 - Você só pode estar querendo me ver irado, não tem outra desculpa...
 - Tem sim, então... Vai me dizer o trabalho ou vou ter que te matar?

  Rapidamente, peguei a arma de sua mão e me pus ao seu lado. Sua feição era de puro terror, no momento em que se tocou que tinha ultrapassado todos os limites possíveis.
 - Você está olhando pra um profissional. Um profissional muito bravo.
 - E-espera ai! Vamos conversar calmamente, o-ok?
 - Depois desse teatrinho você quer conversar? Eu nunca matei um pirralho na minha vida, mas você será o primeiro se não...

  - Por favor tenha calma. - disse uma voz feminina, descendo os degraus acompanhada de um cara alto e grande.
 - É, o garoto ai não fez nada que não fora mandando. - agora era o homem falando.

  - Então você é mesmo o tão falado Derrick Van der Hulf? Faz jus ao seu nome...
 - Hã... - eu estava incrédulo com a situação. - Nós nos conhecemos?
 - Não, mas eu já ouvi falar bastante de você.

  - Alguém quer por favor me explicar o que está acontecendo? - pedi e fui prontamente atendido pela mulher.
 - Deixe que eu explico, querido. - rezo pra que o "querido" tenha sido dirigido ao outro cara. - Meu nome é Amanda e o menino que você quase matou é meu filho, Pietro.
 - Beleza? - perguntou o moleque, como se nada tivesse acontecido.
 - E eu, - agora falava o homem. - Tony Otello, o verdadeiro dono da conta do banco.

 - Não me levem à mal, mas vocês são bem doidos.
 - Haha, muitas pessoas dizem isso. - se dizem, porque eles não melhoram?
 - Só queríamos ter certeza de que você era tão bom quando seus clientes dizem.

 - Então, qual o trabalho?
 - Seguinte : À alguns anos, vocês fizeram um trabalho para Eric Ervanto. O que fizeram exatamente?
 - Pelo o que eu me lembre, o trabalho era rastrear a noiva dele e dar um fim no amante...
 - Ah, foi aquele que escapou, né pai? - trabalho nota 10, então...

 - Esse mesmo. O que acontece é que ele armou uma mentira para que dessem ele como morto. Ele fugiu e me contratou.
 - Te contratou pra que?
 - Isso não vem ao caso. Preciso que vocês cancelem absolutamente todas as acusações falsas que fizeram à ele.

 - Ah, - Amanda dizia, enquanto subia as escadas. - assim ele não vai ser considerado um fugitivo.
 - Esse é o plano. Acham que conseguem?
 - Você está olhando para profissionais. Uma família de profissionais.

 Enquanto subíamos as escadas, nem percebemos a ausência do pirralho. Tinha dado meia volta e se dirigido pra estante de pedra.
 - Acho que isso não pertence à ninguém... - se referia à um pedaço de prata. - Achado não é roubado...
 E pegou, como se fosse algum tipo de pagamento ou alguma coisa grátis.

 - Pietro! - falava a mãe. - O que você tá fazendo ai?
 - N-nada mãe! Já tô subindo! - estava apavorado. Tinha me esquecido como mães eram medonhas quando bravas.

 Fomos andando, de novo, até a casa dos Ervanto. Nem sei porque fomos pra lá, mas eles estavam me seguindo.
 - Não acha melhor guardar essa arma antes que alguém veja?
 - E deixar teu filho guardar ela e perder? - fitei o moleque e continuei andando. - Devolvo pra algum de vocês.
 - Hey, eu não sou um novato!

 Devolvi a arma pro pai e subimos para o quarto em que os laptops estavam. No momento em que viu um, os olhos de Pietro brilharam e ele saiu correndo em direção à um.
 - Pai, eu fico com esse e você o da frente!
 - Tá filho, calma... - ser pai é um saco.

 - O que vamos fazer exatamente?
 - Ué, - disse num tom como se estivesse falando de algo óbvio. - invadir o banco de dados da polícia e destruir qualquer coisa contra aquele cara! Qual o nome dele mesmo?
 - Silver Rey. - respondi.
 - Esse mesmo! - como se ele soubesse...

 Enquanto os "nerds" faziam o trabalho no computador, fui falar com Amanda, que parecia bem normal pra estar naquela família.
 - Á quanto tempo vocês fazem esse tipo de trabalho?
 - Mais do que você pensa. Tony começou cedo, me ensinou e agora ensinamos nosso filho.
 - Não tem problema envolver família nos serviços?

 - Não. Na verdade até ajuda. Pietro é ótimo em computação e Tony é praticamente uma arma ambulante.
 - E você?
 - Normalmente eu distraio qualquer um que tente nos atrapalhar, mas nos outros trabalhos, eu mato mesmo.

 - Saco! - gritou Pietro, chamando nossa atenção. - Os policiais perceberam!
 - E o que você faz agora, espertalhão? - estava preocupado mas não perderia a chance de irritá-lo.

 - Simples. - respondeu o pai - Pietro, porque você não manda um vírus pra eles?
 - Nesse computador não tem nada de útil!
 - E seu relógio?
 - Verdade! Tinha me esquecido!

 Sentei no chão e Amanda sentou ao meu lado.
 - Relógio? - perguntei, já que não entendia mais nada.
 - O relógio dele é um pen-drive.
 - E isso demora?
 - Só quando estão inspirados...

 Demorou algum tempo, mas finalmente tinha acabado.
 - Pronto. Agora Silver pode vir para Champs sem nenhum problema!
 - Até que pra um pirralho, você é bem inteligente.
 - E o pagamento? - esperto também.
 - Isso eu discuto com teu pai. Agora eu preciso resolver outra coisa.

 Não sei porque, mas me seguiram para o porão onde tinha deixado Eric.
 - Que lugar é esse?
 - Deixei um amigo aqui e preciso ver se ele não morreu.

 Entrei na sala e não tinha nenhum sinal de Eric em lugar algum. Aquele desgraçado tinha escapado e eu não sabia como. Agora a coisa ficou séria...

 - Filho da mãe! - pra não dizer outra coisa.
 - Amigo? Amigo imaginário, né? Você não tá muito velho pra esse tipo de coisa?
 - Pense duas vezes antes de me irritar.

 - Então vou melhorar seu dia.
 - Mesmo? E como vai fazer isso? Cortando o cabelo?
 - Muito engraçado. Fique sabendo que eu aproveitei que estava no computador e esvaziei toda a conta bancária do Ervanto. Se ele saiu, não vai longe.

 - Você me impressiona. Mentira, só é bem inteligente pra tua idade.
 - Acho que me deve desculpas e agradecimentos, certo?
 - Errado. Esqueceu que eu já paguei vocês? Não devo nada. Agora me deixem conversar com o Tony algumas coisas.

 - Estaremos do lado da escada. Não demorem.
 - Sim senhora! - respondeu o marido, num tom autoritário e ao mesmo tempo brincalhão.

 - Então, sobre o que quer falar?
 - Preciso de um trabalho seu. Como achou Linda Ervanto e Silver Rey quando estavam sumidos?
 - Segredo, mas se você quiser, me contrate e acho qualquer um. Só vai custar caro...

 - Pagarei quando me trouxer respostas.
 - Só aceito adiantado.
 - Não darei o dinheiro porque é praticamente impossível achar essa pessoa.
 - E quem é o campeão de esconde-esconde?
 - Jake Cortez. Agora sabe o porque de eu só poder pagar quando achá-lo?

 - Da onde você conhece ele?!
 - Foi meu professor.
 - Jake Cortez?! O terceiro entre os 10 ladrões e assassinos mais procurados? Esse Jake Cortez?

 - Esse mesmo. Não precisa gritar.
 - Desculpe, é que estou surpreso. Já faz anos que não ouço falar dele, e sinceramente, acho que está morto...
 - Não ligo. Se estiver morto, traga qualquer prova.

 - Beleza, não espere muito...
 - Se algum dia conseguir, pago qualquer quantia.
 - Feito. Bom fazer negócio com você.

 Nem respondi. Não era bom fazer aquele tipo de negócio. Lembrei que tinha que ligar pra uma pessoa urgente, então não perdi tempo.

 - Silver, você já está em Champs? - sim, falava com o próprio.
 - Já, onde elas estão?
 - Numa pensão do centro. Acho que a única. Venha rápido, não gosto de esperar.
 - Jovens... - e o velho desligou na minha cara.

 Sem moto, sem táxi aquela hora, tive que ir correndo. Era noite e estava muito frio então enquanto corria, aproveitava e me preparava de verdade para não dizer algo forte.

 Achei as três acordadas em um dos quartos. Até parecia que estavam me esperando à séculos.
 - Por que demorou?
 - Tive problemas mas já os resolvi.

 - E o que faremos agora?
 - Eu vou pra casa.
 - O que?! Você só pode estar louco.
 - Eu não. Vocês eu não sei o que vão fazer, mas sei que tem alguém que possa ajudar a decisão...

 Nesse momento, Silver entrou usando terno e gravata. As três viraram-se na mesma hora e os olhos de Linda brilharam assim como os de Pietro brilharam quando viu o laptop. Por alguns segundos, ninguém disse nada, criando um silêncio gigantesco. Confesso que devia ter escolhido um outro local pro encontro. Um quarto não era a coisa mais romântica já criada...

 Quando me virei, Linda disparou em direção à Silver e pulou em seu colo. Por um momento, fiquei com medo de que Silver despencasse, afinal, idade ele não tinha mais. Eles provavelmente falar alguma coisa, mas nem prestei atenção.

 Eles ficaram alguns minutos, ou horas, se olhando e acariciando. Eu já estava ficando com nojo. Não sou o tipo de cara romântico e nem fiz esse trabalho pra juntar duas pessoas que se amam. Era dinheiro. Também não sou arrogante, só tenho experiência quando o assunto é amor.

 No outro momento, Silver tirou um anel um tanto quanto velho do bolso, ajoelhou-se, tirou a outra aliança e substitui-a pela que ele segurava. Algo me diz que era a aliança que Linda usava no dia em que foram descobertos, mas não tenho certeza.

 Depois foi a vez das meninas irem cumprimentá-lo. Chamavam-no de pai, o que surpreendeu Linda e Silver. Era mais que óbvio que ela já sabiam sobre o verdadeiro pai. Pra mim não era nenhuma surpresa, elas não eram burras o bastante para não desconfiarem de nada.

 - Jovem, não tenho como agradecê-lo.
 - Tem sim... - dei uma indireta para lembrá-lo do pagamento.
 - Ah, o dinheiro não é tudo na vida, meu filho. Aprenda isso e será feliz como nunca...

 - Hum... Não, obrigado. Sou feliz como sou. Agora se me der licença, voltarei para casa.
 - Agora de noite?
 - Sim, vocês ficarão aqui?
 - Não sei. Talvez iremos visitá-lo em Brigdeport. Esteja preparado, haha!

 Me despedi e chamei um táxi. Dei sorte por achar um voo bem rápido e que desse tempo para chegar no aeroporto. Eu poderia parecer um vagabundo que só quer saber de dormir, mas meu trabalho me consome toda a energia que meu corpo aguenta.

 Não tinha nem forças para ir de moto então chamei o primeiro táxi vazio que encontrei. O motorista estava um pouco preocupado comigo, já que fui quase todo percurso de cabeça baixa, quase dormindo.

 Subi as escadas com dificuldade e fui direto pro meu quarto. Nem tomar banho eu pretendia, só queria deitar na minha cama e dormir como uma pedra morta de cansaço.

 E sempre tem alguém pra estragar meus planos. E normalmente é mulher.
 - Você não mudou nada na casa...
 - Ah não. Érica, o que você veio fazer aqui?
 - Essa casa também é minha, só pra te lembrar...
 - Deixou de ser sua no momento em que foi embora...

*Continua? Hum, Talvez... Surpresas Virão...*

2 comentários:

  1. Adorei!!! *-*
    Ri muito nesse episódio!!!

    Tenho uma pergunta, eles irão ajudar ou pedir ajuda ao Derrick???

    Abraços!!!

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  2. Aguardando essas surpresas hein,. História bombando. God! Você é divino. Escreve como um rei.

    Parabéns.

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