segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dia De Folga?

*Na Casa De Derrick*
*A Partir De Agora, A História Será Narrada Por Derrick Van Der Hulf, Por Tempo Indefinido*

 Eu acharia o dia perfeito se meu celular não tocasse as 6:24 da manhã... A primeira coisa que fiz foi deixar tocando. Não deu certo, ligaram de novo. Depois eu ignorei a ligação. A pessoa continuou ligando, então eu não vi alternativa a não ser atender.
 Levantei da minha cama com desgosto, raiva e sono. Peguei o celular e tive que acostumar minha visão a claridade dele antes.

  Claro, meu dia não poderia melhorar. Quando vi o nome "Aaron Chevalier" estampado na tela do meu celular, minha vontade era jogá-lo da janela, mas como me custou dinheiro, simplesmente ignorei a ligação de novo e mandei uma mensagem para Aaron.
"Hoje não."

 Segundo depois, ouvi o bipe do meu celular de novo. Era uma mensagem, provavelmente a resposta de Aaron, mas preferi nem ver. Desliguei o celular e deixei dentro do meu armário, assim ele não iria me irrtar de jeito nenhum.
 Já que estava acordado, resolvi tomar um café e aproveitar o dia. A bebida de ontem não me fez bem, então acordei com uma pseudo-ressaca.

  Fiz o café mais puro e forte da história e bebi na minha varanda. Era muito bom respirar o ar "puro" de Brigdeport e tomar um café ao mesmo tempo. Fiquei elétrico por um tempo, mas não podia deixar isso afetar meu dia.

 Tomei um banho e meu dia resolveu piorar. A água do meu chuveiro estava muito gelada, então o café puro somado com banho gelado me fez acordar de vez. Senti uma breve vontade de checar meu celular ou dar satisfações pro Aaron, mas eu consegui me controlar, graças aos céus.

  Coloquei as primeiras roupas que vi, mesmo sabendo que não iam combinar muito. No canto da gaveta, eu pude ver o atestado médico que me deram quando recebi minha alta. Minha vontade era rasgá-lo, já que não ia usar aquilo mesmo, mas era como uma lembrança. Um aviso para tomar mais cuidado. Quando tomei aquele tiro desgraçado, consegui ficar meses no hospital sentindo aquela dor infernal.

  Sentei no meu sofá e resolvi ver algum canal de notícias. Qual não foi minha surpresa quando, no primeiro canal, davam a notícia que melhoraria meu dia.
 - Ontem de tarde, a boate "Trivia's" foi encontrada totalmente destruída e em chamas. Foram encontrados 3 corpos totalmente irreconhecíveis que estimam ser de Jonh McBeth, dono da boate, e seus 2 sócios. As autoridades afirmaram que não passou de um acidente fatal de vazamento de gás.

  - Ha! Vazamento de gás! Esses "profissionais" conseguem ser mais idiotas que aqueles macacos! Pura preguiça de iniciar uma investigação! Meu trabalho vai ficar muito mais fácil se isso continuar!
 Aquilo me deixou tão feliz que eu resolvi sair de casa. Peguei algumas roupas de ginástica e fui para a academia.

  Quase estacionando, eu pude perceber que não estava tão cheio aquele lugar. Uma das coisas que me assustaram foi encontrar o caminhão de fast-food estacionado lá. Óbvio, você sai de uma academia, depois de horas malhando, sente aquele cheiro maravilhoso de cachorro quente e compra. Depois reclamam que não conseguem perder peso...

  Fui no vestiário, troquei de roupa e me olhei no espelho. As pessoas se perguntam porque eu ainda faço exercício se estou em forma. Minha resposta é sempre "para manter a forma", mas honestamente, é por falta do que fazer mesmo.
Resolvi começar com a esteira, para exercitar minhas pernas. Não foi uma boa ideia.

  Meu dia estava indo em zigue-zague. Uma hora melhorava, depois piorava, dai melhorava e por ai vai. Nesse momento ela tinha piorado. Vi um rosto familiar usando uma das esteiras e eu consegui lembrar que era Miranda Louis, filha do dono daquela boate. Naquele momento, uma raiva súbita dirigida ao Aaron tomou conta do meu cérebro, juntamente com o arrependimento de ter saído de casa.

  Eu estava indo para o vestiário masculino, trocar de roupa e ir pra casa antes que aquela menina me visse, mas fui "barrado" por um amigo.
 - Ah, Derrick! Quanto tempo... Veio cumprir a aposta que perdeu?
 - Hã... Claro... O que eu tenho que fazer exatamente?
 - Duzentos levantamentos de peso numa dessas máquinas. Você não lembra que perdeu uma aposta comigo e essa era a punição?
 - Lembro, claro... Eu estava indo agora mesmo fazer...

 Maldição! Porque eu fui fazer aquela porcaria de aposta?! E como ele lembrava?! Ele era um elefante por acaso?! Maravilha, vou fazer esses duzentos levantamentos na velocidade da luz antes que aquela menina me veja. Vamos lá, que a força e o desespero estejam comigo, por favor, por favor, por favor...
 - Derrick? - DROGA!

  - Ah... - maravilha, ela me viu. - Eu mesmo. Você é a Miranda, certo?
 - Você lembrou! Ha, e eu achando que você estaria com uma ressaca pela "Bebida-Louca"!
 - Nada que um café forte e um banho congelante não resolvam...
Ela riu de um jeito bem descontraído, soltando algumas brincadeiras sobre meu "fraco" com bebidas...

  - O que faz aqui à essa hora? - Perguntei, porque além de curioso, eu queria que ela parasse de brincar com a minha cara.
 - Estou todos os dias aqui, sempre nesse horário. Mas você é surpresa, nunca te vi.
 - É, resolvi aproveitar o dia...
 - Ah... É... Se você estiver afim, nos podíamos beber alguma coisa depois que você terminasse, que tal?
 Ótimo, assim eu não preciso terminar esses duzentos levantamentos.
 - Eu topo, só vou trocar de roupa.
 - Ah, legal! Também vou, estou precisando de um banho.

*Num Bar Qualquer*
  - Porque esse convite súbito?
 - Ah, eu estava com vontade de vir aqui, mas sozinha não é muito legal. Dai você apareceu.
 - Eu não "apareci", eu estava fazendo exercício e você me convidou. Mas o motivo da minha pergunta é que nos conhecemos ontem e você me convida...
 - Encare isso como um agradecimento pela sua ajuda... Ah! - disse virando-se para a mixóloga. - O de sempre, Samantha!

 Ha, aparentemente ela vem aqui bastante... Ela e a mixóloga começaram a conversar enquanto preparava a bebida e se mostrava bem amiga. Ela entregou um copo com uma bebida roxa que parecia um tanto quanto alcoólica...
 - Você não vai pedir nada?

  - Hey! - chamei a mixóloga. - Um desses "Molotvs-Não-Sei-Das-Quantas", por favor. - Eu não era de ir em bares, então não sabia o nome de absolutamente nada. Vi aquela bebida num cartaz estampando a palavra "Novo" então resolvi experimentar.

   - Então, já que estamos aqui mesmo, vamos conversar. - não era exatamente meu plano, mas ficar bebendo no silêncio era pior. - No que você trabalha?
 - Além de ajudar a administrar a boate, nada. Meu pai é daqueles homens que acham que mulheres não podem trabalhar, que têm que ficar em casa cuidando dos filhos...
 - Tem filhos?
 - Eu?! Não! Claro que não! Porque, eu tenho cara de velha?!

  - Tem. - disse brincando. - Onde fica seu asilo mesmo?
  - Se eu sou velha, você já está morto! - disse enquanto fazia alguns gestos para pedir outra bebida.
 Não sou de falar esse tipo de coisa, mas aquela mulher era cachaceira. Ou pelo menos, bebia pra caramba, porque era evidente que ela já estava bêbada.

  Virei o rosto procurando mais alguém naquele lugar, o que não teve sucesso. Só estávamos nós naquele lugar e a mixóloga tinha me dito que estava prestes a fechar.
 - Eu vou ali no banheiro e já volto...
 - Hã... Aham... - é, ela estava bêbada.

 O banheiro não era lá aquelas coisas, mas dava pro gasto. Que saco! Só me faltava essa no dia! Eu, preso num bar com uma pessoa que conheci ontem e que estava bêbada. Tudo o que eu não precisava agora era ser babá...

  Qual não foi minha surpresa quando vi aquela louca, em cima do balcão, dançando e berrando como se estivesse em casa... Eu tive certeza absoluta que iria ter que bancar a babá, além de que não teria uma noite tranquila.
 - Consegue levá-la para fora? Já estou fechando... - disse Samantha, a mixóloga.
 - Tá, tudo bem... Hey, Miranda... Desce dai, vai... - eu não era muito bom nisso.
 - Awn... Tá "bewm" -hic-!
 - Não se preocupe, ela sempre fica assim! - ótimo. Essa era da pá-virada mesmo.

  E pensar que hoje era pra ser um dia de folga... Por um milagre, Miranda ainda conseguia andar, mas com um pouco de dificuldade, tanto que quando chegamos ao lado de fora do lugar, ela perdeu o equilíbrio e automaticamente me abraçou.
 - Ah! D-des-desculpa...
 - Sem problemas. - respondi rispidamente. - Onde fica sua casa?
 - Hum... É onde eu moro, acho...

  - Ah Deus... - soltei um suspiro e bufei ao mesmo tempo. - Eu vou te levar pra minha casa, quando você melhorar, dá uma ligada pros teus pais...
 - Porque? Eu n-não moro -hic- com eles...
 - Não? Ah, deve ser uma bela ideia ficar bêbada com um desconhecido então...

  Chegamos em casa e fiz o mesmo café que tinha feito de manhã, só que em quantidade maior. Quando fui para a sala, me deparei com a Miranda esparramada no sofá, com a mão na testa e um semblante de dor.
 - Tá... É uma péssima ideia ficar bêbada... Acho que nunca mais vou beber na vida!
 "Você deve dizer isso de 2 em 2 dias..." - pensei, e obviamente não respondi desse jeito.
 - Principalmente com estranhos...

  Fomos para sala e sentei ao seu lado, para ajudar no que for preciso. Ela tomava o café muito rápido então já estava no terceiro copo quando avisei :
 - Eu vou lá na sala, qualquer coisa você me chama.
 Ela fez que "sim" com a cabeça e continuou bebendo.

 Liguei no primeiro canal e nem prestei atenção direito. Minha cabeça estava à mil e a culpa era da louca na minha sala. Eu ainda me pergunto porque eu aceitei ir naquele bar com ela. Caraca, foi um tremendo de um erro!

 Antes que eu pudesse "aproveitar" aquele canal, Miranda chegou meio sonolenta na sala, mesmo tendo bebido 3 xícaras de café puro.
 - Caramba, aquele café só anulou o efeito da bebida?
 - Awn... Porque diz isso?
 - Você tá com uma cara de zumbi. Parece que não dorme a dias...
 Ela soltou um sorriso que era pra ser mais uma risada, mas ela estava com muito sono, acredite.

 - Vem. - dei um leve suspiro nessa hora. - Você pode dormir na minha cama, não tem problema.
 - Mas...
 - Não. Tem. Problema. - além de estressado, eu estava sem paciência. Não quis ser rude. Só queria que ela entendesse, e pra isso acontecer, eu tinha que ser rude.

 No momento em que ela deitou, parecia que ela tinha desmaiado. Dormia como uma pedra bêbada e lerda. Peguei uma cadeira e virei pra cama, mas minha intenção não era observar ela porque sou um pervertido. Era só pra tomar conta dela caso ela quebrasse alguma coisa enquanto dormia.

 Ela balbuciava algumas palavras enquanto dormia. A maioria delas era impossível de entender mas uma em especial me deixou irado.
 - Tio... Breno...

  Ah, não pode ser. Seria muita coincidência ela ser parente ou conhecida de Breno More. Só nos meus pesadelos mais profundos isso aconteceria, e se acontecesse, eu provavelmente me obrigaria a acordar. A raiva era tanta que eu acabei falando um pouco alto o que eu pensava.
 - Hã?! Breno, o desgraçado que me deu um tiro?!
 Depois disso, eu não conseguia pensar em mais nada além do acidente. Não que eu lembrasse exatamente o que tinha acontecido, mas eu tinha certeza que o nome daquele idiota era Breno More...

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