quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Passado : Parte 1

*Iremos Dar Uma Pequena Pausa E Voltar No Tempo*
*Até A Parte "O Passado" Terminar, A Força Suprema Que Escreve Essa Bagaça Vai Narrar*
*À Alguns Anos Atrás*
  A história se passa à 17 anos, onde Derrick tinha apenas 10 anos. Nasceu e cresceu em Charlton Island, onde frequentava uma das várias escolas particulares que lá se encontram. Durante toda sua infância, o pequeno sempre caminhava para a escola e voltava do mesmo jeito, sempre perto da hora do jantar. Frequentava várias aulas extra-curriculares, por isso saía sempre às 18:45.

  Como de costume, sua mãe, Elizabeth, o esperava em frente à casa. Com um largo sorriso acolhedor, recebia o filho que havia passado horas tendo aulas. Nenhum dos dois estava de acordo com essa rotina, mas nada podiam fazer para mudá-la. Aquele homem não permitiria.

 - Filho! Você demorou! Como foi a escola?
 - Oi mãe, foi... legal... - Derrick sempre teve medo de dizer a verdade. Dizer que odiava aquela vida, odiava aquela rotina e odiava aquele homem.
 - Que bom, amor! Venha, entre antes que escureça.

 - Já vou terminar o jantar, espere um pouco, sim?
 - Posso chamar o Dog?
 - Cuidado para não bagunçarem muito. Sabe o que acontece se fica pêlo de cachorro dentro da casa...
 Descuidado, Derrick chamava por seu cão sempre que podia, não importava onde estava. Gritou-lhe o nome e foi logo recebido.

 O cão chegara sempre latindo, pulando e brincando. Isso quando se tratava do pequeno, pois era muito arisco com qualquer outra pessoa. Os dois cultivavam uma amizade de anos, lembrando como foi difícil convencer aquele homem de adotar um cachorro.

 - Como foi seu dia, grandão? - mesmo sabendo que o cachorro não responderia, Derrick cismava em conversar por horas a fio com Dog. - O meu foi muito chato! Professores de etiqueta são os piores que existe! Nem rir eles devem saber!

 - "Rick", lave as mãos e venha à mesa. - "Rick" era o apelido que somente Elizabeth o chamava assim. - "Emi", você também! Desça pelo menos uma vez hoje! - não houve respostas.

 Derrick sempre odiava a hora do jantar. Era quando aquele homem chegava e se juntava à sua família. Obedeceu rapidamente às ordens da mãe, querendo sair do banheiro sem ser visto.

 No momento em que abriu a porta, deparou-se com uma figura alta e vestida formalmente. Para Derrick, o dia já tinha acabado. Fitaram-se por alguns segundos para que depois algo fosse pronunciado. Não por Derrick.

 - O pulguento passou por aqui, não é?!
 - Não senhor...
 - Não ouse mentir para mim. Antes de mais nada, lembre-se de mostrar respeito para seu pai.
 - Perdão senhor...

 Foram para a sala de jantar, e só a expressão de Elizabeth contava como era aquela família. Mal olhou para a esposa, o homem arrumou-se e foi sentar na cadeira.

 O jantar foi silencioso. Ninguém queria, podia ou precisava iniciar uma conversa pelo simples fato de que todos sabiam que ela acabaria de um jeito ruim. Discussão, humilhação e até mesmo, violência física eram comuns naquela casa.

 Ao final da refeição, o marido se retirava enquanto Elizabeth levantava-se para lavar os pratos. Não foi surpresa quando viu seu filho já recolhendo-os para ajudá-la, pois sempre que podia, o pequeno ajudava a mãe com o serviço de casa.

 - Mãe, eu posso la... - antes de completar a frase, foi interrompido pela mãe.
- Já disse filho, eu lavo os pratos. Você não precisa me ajudar tanto assim...
 - Mas a senhora precisa de alguma coisa?

 - Pra falar a verdade, sim. Você pode levar alguma coisa pra Emily? Ela não desceu do quarto desde que acordou, se é que acordou...
 - Posso, qualquer coisa?
 - Deve ter um pão com geleia(nota : a palavra perdeu o acento) que eu preparei pra ela na geladeira.
 - Tá, eu levo.

 - Obrigada filho, eu vou dormir e depois o senhor também!
 - Claro mamãe, eu durmo cedo!
 - Eu sei, querido. Boa noite, sonhe com os anjos.
 - A senhora também... - Derrick sabia que ia ser difícil a mãe sonhar com aquele homem dormindo ao lado dela.

 Abriu a geladeira e rapidamente achou o pão que sua mãe havia lhe falado. Retirou o pão de lá e subiu a escada para dirigir-se ao quarto.

 - Mana... - disse timidamente, entrando no quarto. - Mamãe pediu pra eu trazer alguma coisa pra você comer...
 - Nossa, você é um fofo! Obrigada!

 - Porque você não desceu hoje? - o pequeno perguntava, enquanto se sentava na cama e se encolhia timidamente.
 - Ah, eu estava cansada, não precisa se preocupar!

 - É mentira não é? - Derrick ajoelhou-se na cama e fitou a irmã. Tinha certeza de que esta não estava sendo sincera e queria saber a verdade.
 - Nossa, você é um detetive, por acaso?

 - Não mas...
 - Dê, - levantou-se e puxou a mão do irmão, para que a acompanhasse. - eu não sai do quarto porque não queria. Só isso, não tem nada de errado!

 - E porque não desceu pra jantar?
 - Porque eu estava sem fome, Dê, só isso...
 - Mentira... - sussurrou, abaixando a cabeça.

 - Vem cá. - puxou o pequeno para um abraço. - Parece até que você é o mais velho! Para de cuidar tanto de mim!
 - Mas...
 - Sem mas!

 - Você tem que dormir, né?
 - Não tenho aula amanhã...
 - Sortudo! Mas você ainda tem que dormir cedo.

 Ajudou o pequeno a se trocar e sentou-se do lado da cama.
 - Porque você não tem aula amanhã?
 - Vai ser recuperação, e como eu não fiquei...
 - Você é o "nerd" da sala, esqueci.

 - Durma bem, Dê.
 - Boa noite. Você vai sair do quarto amanhã?
 - Ha, você nem vai mais me ver no quarto, não se preocupe!

 O que o pequeno não sabia, era que essas palavras estavam mais certas do que nunca. Logo dormiu e não pode ver a expressão da irmã. Uma expressão de tristeza e remorso. Mas não pelo o que poderia já ter feitos, e sim, pelo o que estava prestes a fazer.

 A menina logo colocou um casaco, botas, um óculos e dirigiu-se para porta. Antes de sair, fitou o pequeno e disse, em voz baixa:
 - Desculpa, Dê. Mas não consigo aguentar o pai...
E deixou, não só o recinto, mas como a casa.

 Derrick acordou algumas horas depois. Ouviu uma gritaria no andar de baixo e não pode ficar deitado. Levantou-se com muito esforço, ainda tentando acostumar a visão à claridade do abajur.

 Quando desceu a escada, se deparou com uma cena um tanto quanto assustadora.
 - Como assim não vamos?! Sua filha desapareceu e você não quer fazer nada?!
 - Minha filha?! Filha minha me obedeceria! Aquilo não pode ser considerado uma mulher!

 - A Emily não tá aqui? - finalmente puderam notar a presença do pequeno, ouvindo e observando a discussão.
 - Filho?! Á quanto tempo...! Calma filho, nós vamos sair pra procurá-la...

 - Sair pra procurá-la?! Ficou doida?! São 3 da manhã! Eu não vou sair!
 - É a sua filha... - respondeu em tom baixo, mas não passou despercebido pelo homem.

 - Aquilo NÃO é minha filha! Nem isso ai! Porque raios me partam eu tenho que conviver com isso?! Não foi o que o seu pai me ofereceu!

 - Mãe...
 - Vá dormir. Vamos achá-la, eu prometo...

 Derrick foi dormir cheio de pensamentos. Dentre eles, estava angustiado pelo fato da irmã não estar ali. Preocupado com sua mãe. E principalmente, irritado com o pai.

 E mais uma vez, dormiu poucas horas. Foi acordado de novo por vozes e barulhos vindo no andar de baixo. Criou esperanças de que seria sua mãe e irmã voltando, dizendo que tudo havia sido um mal entendido e que aquele homem não seria mais visto.

 Mas essas esperanças foram logo destruídas quando viu 2 policiais e sua vizinha na sala.
 - Pequeno Derrick, estas pessoas precisam falar com você... - dizia a senhora Anegasaki (Nota: Quem conhece merece meu respeito. Dica : Nene Anegasaki)

 - Você é filho de Elizabeth Van der Hulf e...
 - Sim, eu sou. - interrompeu a policial, antes que esta pronunciasse o nome de seu pai.
 - Eu sinto muito, mas aconteceu um acidente de carro essa madrugada e...

 - Minha mãe morreu?! E a minha irmã, onde está?!
 - Me desculpe, mas não tivemos nenhuma queixa de desaparecimento...
 - Ela sumiu! Achem ela! Eu não posso perder minha mãe e irmã ao mesmo tempo!
 - Me desculpe, mas você teria que ser maior de idade para dar uma queixa...
 - Argh! - pela primeira vez, o pequeno estava furioso. Tão furioso que quase agrediu a policial. Mas sabia que era errado então se controlou.

 Depois de alguns segundos, toda a raiva, angustia, preocupação fora substituída pela tristeza e dor de perder sua mãe e irmã. Em nenhum momento pensava no pai, muito menos estava triste por ele. Chorou como nunca havia chorado antes. As pessoas à sua volta não conseguiam acalmá-lo então apenas esperaram ele se acalmar.

 - **Pequeno Derrick, você ficará comigo até atingir a maioridade. Arrume suas coisas e traga seu cão junto.
 - Mas e a minha irmã?
 - Não se preocupe, eu farei a queixa de desaparecimento dela. Se tivermos fé, ela aparecerá.
 - Obrigado...

 Fez como ouviu. Arrumou suas coisas, lavou o rosto e foi despedir-se de sua antiga casa. Naquele dia, prometeu à sim mesmo nunca mais chorar. Nunca mais sentir dor. Nunca mais sofrer.

 Foi buscar Dog, seu cão e a partir de agora, sua única família.
 - Parece que somos só nos dois agora... Isso é, até acharmos a Emily.
 O cachorro latiu, como se tivesse entendido e dado um resposta positiva.

 Antes de ir para nova casa, Derrick fez um último pedido. Queria pelo menos, ver o local do acidente. Foi prontamente atendido e logo arrependeu-se. Avistou a caminhonete de seu pai, de ponta-cabeça, quase que dentro de um outro carro. Até para uma criança era impossível a chance de sobrevivência.

 Chegaram na nova casa. Senhora Anegasaki foi preparar algo para o menino comer enquanto Dog já vasculhava a vizinhança nova. Derrick, por outro lado, pôs-se em frente á porta para pensar. Era lá que ele iria viver. Era lá que ele chamaria de casa. Era a senhora que o adotou que seria responsável por ele. Tudo seria diferente, e não teria como mudar. Não teria como voltar no tempo...


*Sim, o nome do cachorro é Dog porque eu nunca vi ninguém dar esse nome!*
**Eu podia fazer com que a vizinha usasse algumas palavras em japonês, mas vários não entenderiam.**

4 comentários:

  1. Fiquei com dó do Derrick.
    Esse episódio lembrou do meu acidente de carro, ninguém morreu graças a Deus.

    Abraços!!!

    ResponderExcluir
  2. hehe, dó do Derrick, coisa estranha!
    que bom que ninguém morreu, o unico acidente de carro em que eu estava era quando eu pisei no meu hotweells
    Abraços!

    ResponderExcluir
  3. kkkk Coitado do hotweells, tinha seguro???

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir