Um Casamento Fora De Época : Parte 2

*Em Champs Les Sims*

  Se o velho tinha aquela grana do meu pagamento, bem que ele podia ter alugado uma casa ou coisa parecida. Mas pensando bem, se ele comprasse ou alugasse alguma coisa, apareceria seu nome e não ia dar muito certo, então fiquei em um tipo de pensão...

 Entrei e larguei minhas coisas no primeiro quarto. Agora eu precisava descobrir sobre a tal família Ervanto e pra isso, teria que conversar com os moradores. Senti uma raiva enorme de não ter aceitado a proposta que Aaron me fez um dia, de me ensinar francês. Tudo o que eu sabia era o básico, então pode se dizer que eu sou um turista mesmo.

  Sorte minha foi ter saído para um dos parques e encontrar uma parente dos Chevalier que eu já havia conhecido. Ótimo, a sorte está do meu lado.

  - Mas quem eu vejo?! O loiro que um dia não gostava de meu primo! Derrick!
 - Um dia? Ainda não gosto dele, nem sei como o aguenta, Coraline.
 - Família...

  - Tá explicado. Já que estamos conversando, poderia me ajudar?
 - Diga.
 - Estou aqui à trabalho e procuro o representante de uma família bem típica daqui...

  - A Ervanto?
 - Essa mesmo! Como sabia?
 - Família típica, rica e famosa só tem a Ervanto. Você deve estar procurando pelo Eric Ervanto.
 - Eric? Não é um nome francês...

  - Isso porque ele foi o único pretendente bem sucedido e se casou com Linda Ervanto, a original herdeira da família.
 - Sabe me dizer onde eles moram?
 - Passando aquela esquina, é a casa com uma plantação. Você pode cortar caminho por aquele edifício branco, está vendo? Não tem problemas, está abandonado.
 - Obrigado Coraline.
 - Mas tome cuidado, sim? As filhas de Linda Ervanto são um pouco... fora de controle.
 - Tomarei, de novo, obrigado.

  - Casa simples com plantação... Não me parece onde uma família rica moraria... Ah! Aqui está o tal lugar abandonado. Cortar caminho seria ir pelo seu jardim?

  - Ah! Cuidado Daisy!
 - NÃO CONSIGO PARAR!
 - Mas o que...

  - Ai...
 - Daisy, você pirou?
 - Só um pouco...
 - Hã... - eu já não estava entendendo mais nada. Num minuto andava calmamente e no outro estava no chão com uma adolescente em cima de mim. - Você não quer sair de cima de mim, não?

  - Ah! Me desculpa, me desculpa, me desculpa, me desculpa! Eu 'tava correndo tanto que nem te vi!
 - Você não fala francês?
 - Nós falamos mas achamos cansativo...
 - Ok, então...

  - Sério, me desculpa! Não era pra ter alguém passando por esse jardim!
 - Ele é seu?
 - Não! É que...
 - Espera ai! - disse a de cabelo comprido.

  - Desculpe senhor pela minha irmã. Ela é desgovernada mesmo! - a outra garota tentou falar alguma coisa mas se calou. - O senhor está bem?
 - Sem problemas, só tomem mais cuidado. A propósito, não me chame de senhor, não sou tão velho. Pode me chamar de Derrick.
 - Tudo bem sen... tio Derrick! - tio?! - Eu sou Jaqueline e essa tosca do meu lado é a minha irmã mais nova, Daisy, a que te atropelou...
 - Prazer. Agora se me derem licença...

 - Preciso tratar alguns assuntos com os Ervanto, adeus.
 - Você quer dizer com a empresa imobiliária Ervanto?!
 - Claro. - é... claro... eu sabia disso...

  - Hoje é seu dia de sorte! Nossa mãe é a Linda Ervanto!
 - Quer dizer que a empresa da mamãe subiu de novo?! Que ótimo! - comemorava a irmã mais nova.
 - Nós podemos te levar até lá, como desculpas pelo tombo!
 - Isso ajudaria bastante...

  - Venha, é por aqui!
 - Espera, vocês não estavam indo à direção oposta?
 - Estávamos mas não era nada...
 - Mas Jaque, nós não íamos...
 - Não, nós não íamos à nenhum lugar! - elas achavam que eu tinha acreditado?

  - Nós vamos chamar a mamãe, venha!
 - Hã... Eu...
 - Rápido!
 Nossa, como eu odeio adolescentes. São mais apressados e estranhos que eu. A casa que tínhamos chegado era bem grande com uma plantação imensa, então uma família rica poderia muito bem morar lá confortavelmente...

  Entrei na casa e vi as duas quase atropelando uma senhora de tanto falar. Se era a mãe delas, bate com a história do Silver.
 - ... dai disse que era falar da imobiliária...
 - É esse ai, mamãe!
 - Queridas, acalmem-se. Deixem-me falar com este senhor. - bem elegante o jeito dela falar...

  - A senhora é Linda Ervanto? Tenho ouvido falar muito de seu trabalho e...
 - Viu mamãe, viu?! - a menina chata não sabia parar de falar.
 - Sim Daisy, eu vi. Prazer, sou Linda Ervanto, e o senhor?
 - Derrick Trent. - menti sobre meu sobrenome. Não gosto de dar muitas informações para estranhos.
 - Prazer senhor Trent.

  - Agradeço pelos elogios direcionado ao meu trabalho, mas devo alertá-lo que quem cuida disso é meu marido.
 - Poderia falar com ele por mim?
 - Ele se encontra na sala, neste momento. Queira me seguir, assim os senhores conversam pessoalmente. - ok, já estava me irritando a elegância. Parecia uma rainha ou coisa parecida.

  - Querido, este é o senhor Derrick Trent. Ele diz ter vindo falar de negócios...
 - Ah! Um cliente! Mas que prazer!
 - Prazer é o meu em conhecê-los.
 - Haha! Que educado de sua parte! Deixe-me apresentar minha pessoa...

  Ele se levantou e veio em minha direção. Controlei o riso depois de vê-lo em pé. Tipo homem que liga para aparência mais do que qualquer coisa. O cabelo, as roupas, o óculos... Meu Deus, eu vou morrer sufocado se não rir...
 - ... Eu sou Eric Ervanto, dono da imobiliária Ervanto.
 Dono... Agora entendi porque ele se casou com a herdeira desse "trono". Dinheiro, claro.

  - Deseja comprar uma casa em Champs Les Sim?
 - Sim, por isso vim. - claro... por essa razão... nada mais... - Venho viajar muito aqui e estou cansado de pagar hotéis e pensões.
 - Ah, sim! Um total gasto de dinheiro! Mas não teremos tanto tempo para conversar... Que tal passar a noite aqui e logo de manhã cedo nós acertamos tudo?
 - Eu só incomodaria... - antes de eu terminar, o "Pikachu metrossexual" me atropelou.

  - Linda, jantar para 5. E arrume o quarto de hóspedes.
 - Claro.
 Não eram o casal mais romântico que eu tinha visto...

  - Ah... Como é bom ter mulher obediente... Sorte minha! Além de rica é educada e não me desobedece!
  - Claro, claro... - que vontade de dar um murro na cara dele...

  - E você, senhor Trent? Casado, solteiro, namorando...
 - Divorciado. - respondi sem vontade de dar continuidade à essa conversa.
 - Ah, vida de homem solteiro... Quem me dera ainda ter, haha! Eu vou ligar para alguns de meus homens trazerem suas coisa para cá! Você está em na pousada do centro, certo?
 - Sim.

  Rapidamente digitou alguns números e pôs-se a falar no telefone.
 - Sim, sou eu. Preciso que traga as coisas de Derrick Trent para minha casa.
 ...
 - Não ligo pra isso! Faça o que eu mandei! Esqueceu que sou seu chefe!
...
 - Assim espero! - e desligou o telefone. Gentileza não devia aparecer em seu dicionário...

  Aparecemos na sala de jantar e as meninas, juntamente com a mãe, nos aguardavam. Entrando na sala eu pude notar que Linda olhava para janela de uma forma nostálgica enquanto as outras duas não esboçaram nenhuma reação com a entrada de Eric.

  Mesmo que eu tenha ficado para jantar enquanto conversava sobre "negócios", a refeição foi silenciosa. Ninguém tinha coragem ou vontade de iniciar um assunto ou perguntar alguma coisa, estavam todos desconfortáveis com aquela cena e não era pelo fato de eu estar lá.

  Terminando o jantar, seguímos para o quarto de hóspedes, que se encontrava no último andar da casa.
 - Você pode ficar aqui o tempo que quiser! Desde que feche contrato comigo, haha! - Não sei se era pra soar como uma piada mas eu sabia que ele estava falando sério.

  - Perdoe-me o espaço e a qualidade do quarto. Os incompetentes dos meus trabalhadores não fazem nada direito!
 Aquele era o tipo de cara que me irritava profundamente, então as únicas coisas que respondia era "sim", "claro", "ãham" e "entendo".

  Sorte ou azar, a esposa chegou e tirou a atenção de Eric.
 - Querido, as coisas do nosso hóspede já chegaram.
 - Maravilha! Peça para os idiotas trazerem-nas para cá!
 - Sim.

  - Por favor, sinta-se em casa.
 - Obrigado.

  Eu me preparava para dormir quando fui surpreendido por duas figuras ruivas.
 - Podemos falar com você?
 - Claro... Sobre o que se trata?

  - Porque você está aqui?
 - Já disse, negócios com a empresa. E seu pai me convidou para dormir, então...
 - Padrasto. - me corrigiu. - Sabemos que esse não é o real motivo de você estar aqui.
 Garotas espertas. Mas ainda têm muito à aprender.

  - Não sei do que estão falando. Se me derem licença, vou descansar.
 - Mas...
 - Vamos Daisy. Antes que o diabo chegue. - encarei "diabo" como Eric.

  Liguei o laptop que estava em cima de mesa e resolvi dar uma "pesquisada" sobre o tal Eric. Qual não foi minha surpresa quando descobri que tudo sobre ele, além de notícias, estava criptografado.

  - Saco. Esse cara é esperto e eu não sou tão bom de informática. Parece que vou ter que conseguir as informações da maneira antiga...

 ... Mas antes fui dormir porque além de cansado, queria aproveitar a "hospitalidade" daquele lugar.

  O ruim é que minha última noite de sono em Brigdeport não foi agradável e eu não tinha me acostumado ao fuso horário de Champs Les Sims. Acordei mal desposto, mais cansado e sem paciência.

  Tomei um banho frio de propósito para tentar me acordar. Funcionou mas tenho a impressão que vou ficar doente depois dessa viagem...

  E de novo, lá estavam as duas figuras ruivas, prontas para me interrogar.
 - Vocês não trocam de roupa? - perguntei, tentando dar início à uma conversa saudável.
 - É nosso uniforme. Agora nós queremos saber...

  - O "real" motivo de eu estar aqui, certo?
 - Correto! Nós não somos tão estúpidas assim, sabemos que você mentiu ontem.
 - Vão me desculpar mas tenho negócios à tratar com seu padrasto.
 - Não vamos te convencer, né? Tudo bem, tentamos outra hora. Ele está te esperando em frente à casa. - e de novo, ela se referia ao padrasto de uma forma fria.

  Cheguei ao lado de fora e encontrei o homem pronto para me encher o saco.
 - Como dorme! Mas vamos tratar de negócios!

  Ele falava muito. Demais. E não ligava para minha cara de desinteressado, ao contrário, falava mais quando eu bocejava ou virava a cara. Confesso que ele tinha experiência no que fazia.

  Fiquei ouvindo ele por horas e horas, tanto que em uma parte da conversa, eu pedi licença e me acomodei na escada para ficar ouvindo seu discurso. Vendo que não tinha jeito, agi.

  - Não seria mais fácil nós vermos pessoalmente essas casas?
 - Ótima ideia, por favor, me siga! - ele tinha um ar de autoridade de transbordava de seu corpo.

*Um Bom Tempo Depois*

  - Gostou de alguma casa?
 - Sim, de várias. Mas tenho que ver suas qualidades, certo?
 - Haha, está aprendendo!

  - Champs Les Sims é uma cidade bonita mas muito mal valorizada! Poderiam cobrar para coisas que são de graça!
 - E o senhor pretende mudar isso?

  - É claro! Te contarei um segredo! Aquela mulher não me ama!
 - Se refere à sua esposa? - me fingi de desentendido.
 - Ela mesma! À muito tempo seus pais me ofereceram sua mão e eu aceitei, mas ela não!

  - Ela disse que amava outro homem e que nunca poderia se casar com alguém além dele, mas seus pais acreditaram que ela tinha sido sequestrada. Eu não desmenti porque não sabia da verdade.
 - E o que aconteceu com ele?
 - Dizem que morreu em um acidente recentemente, mas tenho minhas dúvidas...

  - E o que aconteceria se ele aparecesse aqui?
 Péssima pergunta na péssima hora com a péssima pessoa. Rapidamente eu vi seu semblante mudar para algo medonho. Estava tão bravo que seu rosto ficou um pouco vermelho.

  - Se aquele desgraçado aparecer aqui, mando matar! Batalhei muito por esse status aqui e não vou perder pra um "zé-ninguém" apaixonado! Não ligo para amor e coisas idiotas, só quero mandar nessa droga de lugar!

  - Bom, - disse me levantando. - se me der licença, preciso resolver algumas coisas no banco.
 Era uma mentira descarada mas necessária. Dava pra perceber que meu plano não daria tão certo então precisava de alguma ajuda.

  Caminhei ao redor da cidade por um tempo procurando as pessoas que me ajudariam, até que lembrei de um lugar que tinha certeza que estariam.

  - Vocês não tem aula não?
 - E você não tem que resolver negócios?

  - O que faz aqui, tio Derrick? - "tio" de novo? - não deveria estar com o senhor eu-sou-dono-de-tudo?
 - Vocês me perguntaram o real motivo de eu estar aqui, não é?
 - Sim, e você se recusa a falar. Porque pergunta isso?

 - Ué, - disse enquanto me deitava em alguns degraus. - vocês não queriam saber? Pois agora sentem ai porque a história é longa...
 - E porque vai nos contar?
 - Simples. Quero a ajuda de vocês. Agora, vão ouvir ou preferem morrer de curiosidade?

*Continua*